Há uma epidemia que todos carregamos. Não é daquelas que se espalham pelas ruas - invisível aos olhos - mas que vai consumindo aos poucos. É silenciosa, discreta, e ainda assim, profundamente transformadora.
Essa epidemia mora dentro de nós, nos cantos mais escuros, onde os medos, as dúvidas e as feridas ainda não cicatrizadas repousam.
Às vezes, a vida nos coloca diante dessas sombras. É como um espelho que reflete não apenas o que somos, mas o que evitamos ser.
Quem nunca sentiu o peso de carregar algo que não queria? Um sentimento guardado, uma frustração que se repete, uma esperança que já não brilha como antes. Esses momentos de crise, de confrontos internos, são também convites à mudança.
Lembra da pandemia de 2020? Naquele caos, todos nós fomos forçados a parar. A olhar de perto para quem éramos sem as distrações de sempre. Fomos obrigados a nos perguntar: o que realmente importa? E mais importante ainda: o que eu carrego comigo que não me serve mais?
A epidemia interna não é diferente. Ela nos convida a refletir sobre os pesos que decidimos manter. Sobre aqueles relacionamentos que, por fora, parecem impecáveis, mas por dentro trazem dor. Ou aquele trabalho que paga as contas, mas suga a alegria de viver. Há sempre uma transição que evitamos, uma resistência a deixar algo ir embora, mesmo quando já sabemos que é hora.
E nessa luta entre o que somos e o que resistimos ser, surge a oportunidade de renascer. Porque, afinal, toda transformação exige uma certa dose de perda, de despedida. Para voar mais alto, é preciso, antes de tudo, aceitar o vento que nos empurra para longe do chão.
Então, a pergunta que fica é: o que dentro de você precisa partir, para que o novo possa finalmente florescer?
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