Eu vivi imersa num caos emocional durante boa parte da minha vida. Tinha muita dificuldade de expressar minhas emoções, vivia preocupada em não dar trabalho, em não atrapalhar, em ser uma boa pessoa, mesmo que isso custasse os meus desejos e gostos.
Afinal, se eu expressasse o que eu sentia, o que é que as pessoas pensariam de mim?
Demorou muito tempo e centenas de horas de terapia para que eu percebesse o quão tóxico era esse comportamento, o quanto me sufocava e me distanciava do meu potencial mais essencial. Tudo que existe dentro de nós faz parte da nossa Obra, é nossa criação. Então, ao não expressar meus sentimentos, eu também silenciava minha criatividade.
Eu me lembro bem da primeira vez que eu consegui finalmente me expressar verdadeiramente em público. Eu tinha meus 20 e poucos anos, trabalhava numa empresa e estávamos em um dessas reuniões de team building da equipe que fazia parte.
Não sei bem dizer se foi por causa da atividade proposta, ou se foi porque eu estava com um time de pessoas muito querido e que me dava segurança. Ou até mesmo se foi uma junção de tudo isso, o fato é que ali, pela primeira vez, eu me senti livre para ser quem eu era, e um novo universo se abria pra mim.
Depois desse episódio, eu descobri uma forma de expressar essas criações internas, e com o passar do tempo fui entendendo o quanto a minha expressão me curava, o quanto era importante que eu me integrasse com o ambiente a partir da minha verdade, ao invés de tentar me encaixar em alguma espécie de modelo estabelecido.
É um processo constante: o de me aceitar e expressar o que está aqui dentro, como ferramenta de troca com o outro e o ambiente.
Acontece que a vida não acontece em linha reta. Estamos todos, dia após dia, numa espiral, vivendo a mesma narrativa, mas com enredos diferentes.
Há algumas semanas eu me vi sendo convidada e viver um novo enredo, que me levou a um mergulho muito profundo em partes minhas que há tempos eu não visitava. E como é fácil a gente esquecer tudo que aprendeu quando está vivendo o caos, não é mesmo? Assim foi comigo, dias de sufocamento no caos emocional, exatamente como acontecia em minha vida no passado.
Até que, no meio do turbilhão, me lembrei desse momento de liberação, lá nos meus 20 e poucos anos, quando me senti livre pra ser quem eu era pela primeira vez. Revivi na memória tudo que tinha acontecido lá: o que ouvi, o que senti, o que falei, as formas como me expressei. E imersa nessa lembrança, escolhi uma coisa que me ajudaria a me conectar novamente com aquela força: a escrita.
É assim que a escrita tem me ajudado a ultrapassar o turbilhão de emoções, aliviando a carga mental, dando nome e forma ao que até então era só um nó na garganta sem explicação.
Escrever é terapêutico, é meditativo, me possibilita enfrentar de frente as minhas dores e me conectar com um lugar de muita beleza e cura que há dentro de mim. Essa foi a forma que eu encontrei de diariamente manifestar o poder de criação que existe dentro de mim.
E você, qual a sua forma de desatar o nó do caos e expressar o melhor de você?
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